Daniela Lerário, bióloga palestrante na Semana do Meio Ambiente do Instituto Verdescola
A bióloga é uma das lideranças brasileiras na COP26 e provocou crianças e adolescentes em bate-papo sobre os desafios do clima dos próximos anos
A bióloga Daniela Lerário fez uma palestra sobre sustentabilidade e condições climáticas nesta terça-feira (06) durante a Semana do Meio Ambiente, comemorada entre os dias 5 e 7 de junho no Instituto Verdescola. Os impactos do clima na vida dos moradores da região foi pautada por alunos da organização e desenvolvida em diversas atividades expostas no evento e realizadas ao longo dos três dias, além de ter sido discutida pela especialista.
Daniela levantou questões de ‘justiça climática’ e incentivou os jovens a cuidarem do meio ambiente para as gerações futuras, começando pelas que já estão aqui. “É importante educar os adultos também. A futura geração já chegou e precisamos fazer a nossa parte para que todos tenham um mundo melhor”, declarou.
Neste ano, o tema da Semana do Meio Ambiente é ‘Restaurar’, o objetivo é reparar tanto o meio ambiente quanto o emocional das comunidades afetadas pelas chuvas de 19 de fevereiro que devastaram a região que estão instalados. Durante os três dias de programação, os alunos participaram de palestras e oficinas, fizeram plantios de mudas e assistiram a sessões de cinema.
Alunos de pós-graduação em desastres naturais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membros e membros do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) também participaram da Semana, com palestras, jogos e oficinas que entreteram e ensinaram os alunos do Verdescola sobre as situações climáticas registradas na região.
Como ato concreto, educadores e alunos do Verdescola iniciaram a recuperação das áreas devastadas pela chuva, dispersando sementes com estilingues e uma catapulta, confeccionada por eles, em áreas devastadas. Ao todo foram cinco mil sementes de juçara, aroeira, embaúba, ipê e mungulu, espécies indicadas para a restauração ecológica na região atingida. A ideia, segundo os educadores, é repovoar as áreas que foram afetadas pela grande quantidade de chuva que sofreram em fevereiro.
A catapulta, feita de madeira de eucalipto, cordas e parafusos, levou dois meses para ser construída, com apoio dos alunos do 8º ano, que têm entre 12 e 14 anos. “Vamos realizar o lançamento em locais estratégicos, buscando restaurar a flora do local, e faremos o acompanhamento do desenvolvimento das espécies após serem lançadas”, explica o educador Marques da Silva, idealizador do projeto.
A estimativa é de que as espécies levem de 10 a 12 anos para atingir a vida adulta. Até lá, o acompanhamento do crescimento fará parte do cronograma das aulas de Meio Ambiente do Instituto Verdescola. Parte das sementes foi doada pelo Núcleo São Sebastião do Parque Estadual Serra do Mar (PESM) e outra foi coletada pelos próprios alunos nos arredores do Instituto, para que não haja interferência genética e apenas sementes próprias da região sejam replantadas.
O projétil, uma massa de argila com as sementes e adubo, foi apelidado pelos alunos como ‘Bomba de Sementes’. E a catapulta foi tema de estudos dos alunos de Programação e Projetos Científicos. O professor Michel Terra elaborou um projeto de trebuchet – ou trabuco, em português – um equipamento semelhante a uma catapulta, junto aos alunos. “Passamos o projeto para eles, explicamos o funcionamento do trebuchet e usamos um simulador para calcular os parâmetros das dimensões do equipamento em si e do projétil”, informou o professor.
Diferente da catapulta, que funciona com um elástico ou uma corda dando tração e impulso ao projétil, o trebuchet trabalha com o peso. “É como se fosse uma gangorra, só que as partes não são proporcionais. Um lado é menor do que o outro e carrega mais peso do que o outro. Quando você solta o peso, isso é lançado numa velocidade muito grande. E é mais ou menos isso que vai acontecer no lançamento das sementes”, disse Terra.
Daniela Lerário
Daniela tem MBA em gestão de resíduos e foi a única latino-americana na Expedição Pangea que, em 2012, atravessou o Pacífico em busca de impactos negativos da poluição plástica no ecossistema marinho. Ela também é vice-presidente do Conselho de Administração do Sistema B, uma certificação global que tem como visão colaborar com um sistema econômico mais inclusivo, regenerativo e igualitário para todas as pessoas e para o planeta, e é uma das lideranças na equipe brasileira dos Climate Champions da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26).
Uma das lutas de Daniela é a “justiça climática”, um movimento que reconhece a mudança climática como responsável por diferentes aspectos sociais, econômicos e de saúde pública sobre as populações desfavorecidas.
Instituto Verdescola
O Instituto Verdescola é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 2005 e com atuação desde 2008 na Vila Sahy, São Sebastião, Litoral Norte de São Paulo, que tem como objetivo fornecer atendimento psicossocial, educar e formar crianças e jovens para que tenham autonomia para a vida, conscientizar a população local, por meio de ações constantes e efetivas sobre a preservação do meio ambiente, e promover parcerias para inclusão e redução da desigualdade social.
Com uma equipe multidisciplinar, oferece atendimento psicossocial, reforço escolar e atividades complementares a 700 crianças e adolescentes e cursos de qualificação profissional e ensino técnico para jovens e adultos. Ao todo são 1.000 alunos por dia. Por cinco anos consecutivos, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022, o Instituto Verdescola foi premiado como uma das 100 Melhores Ongs do Brasil. Anualmente, é auditado pela Ernst & Young.