De abril a 15 de junho, mais de 90 baleias foram avistadas, contra 32 no mesmo período do ano passado; atrativo fomenta turismo local
Os moradores e turistas que visitam São Sebastião têm conseguido, cada vez mais, presenciar um impressionante espetáculo da natureza: a aparição de baleias Jubarte, que estão chegando mais cedo e em maior quantidade ao litoral norte de São Paulo. A temporada de Jubartes provoca aumento na busca por passeios voltados à avistagem de cetáceos, uma boa alternativa para fomento do turismo na baixa temporada. No entanto, diversos cuidados são necessários para não assustar, estressar ou, até mesmo, machucar esses aninais.
Um dos fundadores e diretores do Projeto Baleia à Vista, Julio Cardoso, explica que a temporada de baleias Jubarte é o período em que elas migram das águas geladas da Antártica às águas quentes da costa brasileira, tendo como destino final Abrolhos, na Bahia, onde se reproduzem. “Nessa passagem, elas podem ser vistas, e especialmente as Jubarte, que são acrobáticas, saltam, batem a cauda e nadadeiras, chamam a atenção dos moradores e turistas”, conta.
Ele conta que este ano a temporada, que geralmente se inicia em maio, antecipou para abril, e o número de baleias avistadas aumentou muito. “Até 15 de junho, foram registradas cerca de 91 baleias Jubarte, contra 32 no mesmo período do ano passado”, diz. “A temporada deve ir até agosto, mas como começou mais cedo, pode finalizar antes.”
Outra mudança no comportamento das baleias é que elas estão se aproximando cada vez mais da costa, o que facilita a visualização, mas requer cuidados redobrados. “As Jubarte têm entrado no canal de São Sebastião, passagem marinha de águas calmas e profundas, boas para descanso”, conta Julio. “O problema é que lá temos o porto, centenas de embarcações, muita atividade humana, por isso se faz necessário aprendermos a conviver com elas, para evitar perturbá-las e provocar acidentes”.
Por este motivo, o Projeto Baleia à Vista, em parceria com a Secretaria de Turismo (SETUR) e o Instituto Argonauta, está realizando trabalhos de orientação junto aos comandantes das balsas e operadoras de turismo de avistagem, além de campanha informativa voltada a proprietários de embarcações particulares e população em geral.
Legislação
A bióloga e diretora executiva do Instituto Argonauta, Carla Beatriz Barbosa, explica que os mamíferos aquáticos, em especial grandes cetáceos (baleias, orcas e cachalotes) são protegidos por lei e seguir o regulamento para a aproximação se faz necessário para não molestar nem machucar os animais.
Ela salienta que, pela legislação que trata do assunto (Portaria IBAMA n.º 117/96), embarcações só podem se aproximar até 100 metros, lateralmente e com velocidade reduzida, nunca perseguindo ou bloqueando a passagem da baleia. “Caso ela se aproxime da embarcação, o engate só deve ser feito após o animal se distanciar por, pelo menos, 50 metros, e o afastamento de forma cuidadosa, nunca acelerando”, conta.
A bióloga pede que, caso observadores percebam que o animal está com alguma dificuldade, não se aproximem e entrem em contato com o Instituto Argonauta pelo telefone (12) 3833 4863.
Ainda sobre a Legislação, Julio Cardoso, do Projeto Baleia à Vista, explica que são permitidas apenas duas embarcações por vez próximas a uma baleia. “Caso estejam em número maior, as demais devem ficar distantes, aguardando a vez, e cada embarcação respeitar o tempo de 30 minutos próximo ao cetáceo”.
No Brasil, é proibido nadar com baleias, até mesmo por segurança dos observadores.
Dicas
Júlio explica os principais cuidados que devemos ter ao observar cetáceos:
• Caso esteja navegando em área que tem baleias, cuidado com a velocidade; reduza até 8 nós ou menos.
• Quando visualizar uma baleia, não vá direto em sua direção. Se aproxime lateralmente, devagar, para não a assustar, até distância aproximada de 100 metros.
• Observe o que o animal está fazendo: caso esteja nadando, pode acompanhar paralelo. Não perseguir e nem bloquear a passagem para não alterar o comportamento dele.
• Se estiver saltando, fique à distância assistindo, fotografando.
• Tenha bom senso: caso o animal esteja boiado descansando, deixe-o quieto, não faça barulho ou perturbe.
• As baleias são mansas, dóceis, mas, quando se sentem incomodadas, somem, não as verá mais. Se uma embarcação acelerada e fazendo ruído chegar muito perto, elas pode ter uma reação forte, como bater a cauda com força.
• Baleias são curiosas e podem se aproximar da embarcação para espiar. Quando isso acontecer, desengate o motor, mantendo-o no modo neutro, mas ligado, para que ela saiba a localização e não ocorra um acidente. Para ir embora, engate a embarcação e vá na direção contrária em baixa velocidade, nunca acelerando.
• O que mais irrita uma baleia é barulho, pois elas são sensíveis a som, se comunicam e orientam por meio dele. Por isso, Jet Skys e embarcações com motores acelerados, mesmo que pequenas, podem as assustar. Desacelere e se aproxime devagar.
• Quando estiver no canal, perto de costão ou praia, o barco deve ficar do lado raso, para que a baleia tenha acesso ao local de mar aberto, fundo. Do contrário, a embarcação pode conduzir o cetáceo em direção à praia, o levando a encalhar.
Turismo
Passeios para a avistagem de cetáceos estão sendo cada vez mais procurados por moradores e turistas em São Sebastião, se tornando uma alternativa para fomentar o turismo na baixa temporada. Dessa forma, o segmento tem se estruturado para desenvolver os passeios de forma sustentável, com a capacitação das operadoras.
Em São Sebastião, a empresa Capitão Ximango é uma das que está buscando esta qualificação. Recentemente, seus guias e monitores de turismo concluíram a capacitação “Trabalhando o turismo de observação de baleias e golfinhos”, promovida pelo Instituto Baleia Jubarte, por meio de conteúdo teórico e saídas embarcadas.
A empresa promove diferentes passeios para a observação de cetáceos, alguns com duração do dia todo e com almoço a bordo. Para informações, entre em contato pelo telefone/Whatsapp (12) 97405-4066.
#PraTodosVerem: ilustração com imagem de baleia Jubarte e orientações para a avistagem. Fim da descrição.