FOTO PMC-BS / AGÊNCIA PETROBRAS
Para identificar os animais, pesquisadores percorreram 159 mil quilômetros no trecho do litoral entre Florianópolis (SC) e Cabo Frio (RJ)
O Projeto de Monitoramento de Cetáceos na Bacia de Santos (PMC-BS), executado pela Petrobras, completa cinco anos com a marca de 27 espécies de cetáceos registradas, sendo sete delas classificadas com algum grau de ameaça de extinção. No período, foram realizadas 33 campanhas de coleta de dados, em um esforço de 759 dias de pesquisadores em campo e mais de 159 mil quilômetros percorridos, o que corresponde a quase quatro voltas ao redor do planeta.
A região monitorada pelo PMC-BS vai de Florianópolis (SC) até Cabo Frio (RJ), cobrindo desde águas costeiras até oceânicas, atingindo uma distância de 350 km da costa e locais com lâmina d’água com mais de 2 mil metros de profundidade. Nos cinco anos do Projeto, considerado o maior desse tipo já executado na América Latina, foram realizadas 2.431 detecções visuais e 1.096 detecções acústicas de grupos de cetáceos odontocetos (golfinhos e baleias com dentes) e misticetos (baleias verdadeiras com barbatanas).
“O primeiro ciclo desse trabalho tinha por objetivo identificar e caracterizar as espécies de cetáceos na Bacia de Santos e esse resultado foi alcançado. Com os dados coletados, agora sabemos, por exemplo, como os animais se comportam, onde estão e para onde migram”, explica a gerente de Licenciamento e Conformidade Ambiental da Petrobras, Daniele Lomba. “Esse conhecimento adquirido será fundamental para o próximo ciclo, que irá avaliar a correlação das nossas atividades com baleias e golfinhos”.
Entre os dados produzidos destacam-se informações sobre as três maiores baleias do mundo que estão ameaçadas de extinção: a baleia-azul (Balaenoptera musculus), a baleia-fin (Balaenoptera borealis) e a baleia-sei (Balaenoptera physalis). Para a baleia-azul e a baleia-fin, foram registradas as maiores profundidades de mergulho já documentadas, de 383,7 e 209,5 metros, respectivamente. Em relação à baleia-sei, surpreendeu a observação de grandes grupos, de até 30 animais, levando os pesquisadores à conclusão de que esses cetáceos não só procuram as águas brasileiras para se reproduzir, mas também para se alimentar.
Registros raros
O monitoramento de cetáceos ao longo desse período rendeu registros importantes, como o captado em abril de 2019, quando cerca de 40 cachalotes (Physeter macrocephalus) foram avistadas a mais de 300 quilômetros das praias do litoral de São Paulo.
Em 2017, o PMC fez quatro registros raros de baleias-azuis (Balaenoptera musculus), considerado o maior animal da Terra, podendo chegar a mais de 30 metros de comprimento e a pesar 180 toneladas. Os registros anteriores dessa espécie criticamente ameaçada de extinção na costa brasileira datavam da década de 1960. Somente dois registros de animais vivos haviam sido realizados no Brasil neste século, sendo estas as primeiras avistagens para a Bacia de Santos.
Licenciamento ambiental
O Projeto de Monitoramento de Cetáceos na Bacia de Santos (PMC-BS) é uma das ações definidas pelo Ibama no Licenciamento Ambiental da produção de petróleo e gás natural na Bacia de Santos pela Petrobras. O objetivo é conhecer a ecologia de baleias e golfinhos, para avaliar se há correlação das atividades de exploração e produção de petróleo e gás com mamíferos marinhos.
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